domingo, 15 de janeiro de 2012

Sacrifícios

Há 3 escolhas na vida que exigem grandes sacrifícios. Em primeiro lugar, com a medalha de ouro, está a escolha de ter filhos. Em segundo, mudar-se para outro país. E em terceiro, ser atleta.
Como eu nunca fiz nenhuma das 2 primeiras escolhas, os únicos sacrifícios que conheço estão relacionados ao esporte.

As pessoas perguntam muitas vezes coisas como "Vocês treinam todo dia? Não cansa não?" ou "Ai, você não pode matar um treino não? Só essa vez pra gente sair!"

Bom... Sim, a gente treina todo dia, e sim, a gente cansa. Muito.
E não, não dá para matar o treino. É apenas um treino, mas não é apenas um treino. Existe diferença entre aquele que saiu com os amigos e aquele que foi ao treino. Pode ser a diferença entre aquele que ganhou e aquele que quase ganhou.
Não dá pra sair e se divertir em festas o tempo todo, não dá pra ir ao cinema quando quiser, não dá pra dormir na casa de um amigo na sexta, porque sábado de manhã é dia de pedalar.
Não dá pra viajar no feriado, porque muitas vezes é dia de competição, ou aproveitamos para treinar mais.
É difícil se concentrar nos estudos, porque o cansaço está sempre presente.
Algumas vezes é difícil até se levantar, sentindo o corpo dolorido do treino do dia anterior.
Nas férias, enquanto a maioria está viajando, dormindo ou saindo, nós estamos aproveitando pra treinar mais. Se estamos viajando, passamos o menor tempo possível, e tentando se exercitar para não perder muito o nível.
Domingo de manhã, enquanto a maioria está na cama dormindo, nós estamos no eixão, treinando.
Durante a semana à tarde, enquanto muitos estão dormindo, estudando ou até à toa, nós vamos correr, vamos para academia, natação ou outras atividades que melhorem nosso rendimento.
E mesmo quando perdemos o ânimo, quando pensamos "pra que serve mesmo tudo isso?", estamos lá. Porque já é parte do dia-a-dia, já é algo que faz parte de quem somos. E sempre tem alguém que te puxa pra cima. Que lembra que devemos continuar praticando se quisermos ir longe.

Muitos não aguentariam. Não aguentariam a rotina, o esforço, o cansaço, a cobrança, as dores, nem os desafios de uma competição.
Muitos não deixariam de comprar algo que querem para juntar dinheiro para uma viagem de competição.
Muitos não sacrificariam todo esse tempo livre, tantas outras coisas que poderiam ser feitas nesse tempo.
Muitos não trocariam uma festa por um dia de suor.

Mas nós sim.
Porque mesmo deixando de lado tantas coisas, e por tornar o esporte uma prioridade, o retorno é muito maior do que se pode imaginar.
É chegar em uma competição e saber que você tem a chance de representar sua equipe, seu país.
É ver que todo o esforço que você fez te deu a oportunidade de ser um vencedor.
É pensar que não importa o quanto seu oponente tenha se esforçado, quanto ele queira ganhar, você quer mais e pode mais.
Ser vitorioso, olhar para uma medalha de ouro e saber que não é só um pedaço de metal, mas que representa toda a luta, tudo o que foi feito e o que foi deixado em segundo plano para se estar ali no topo.
E não basta apenas ganhar, tem que lutar mais para ganhar de novo e em novos desafios.
Porque o primeiro colocado pode ser aquele que chegou na frente e logo tem seu rosto esquecido, mas o título de Campeão vai para aquele que está sempre entre os primeiros, que procura cada dia a perfeição, e dá tudo o que tem em cada prova. Este sim, terá o nome lembrado, e terá a honra de ser não apenas um atleta, mas um grande campeão.

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